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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Rumo à Florença

Ali estava eu, sentada, sozinha, rodeada de mais 126 pessoas, dentro de um avião, indo para o outro lado do mundo. Ou devo dizer, para algum outro lado do mundo? Nunca me convenci completamente de que haviam lados no mundo, considerando que o planeta Terra é esférico, não existem lados, certo? Ou errado? Isso não importa. Eu estava viajando para algum outro lugar do planeta, mais precisamente um lugar chamado Itália, juntamente com outras 126 pessoas que, até onde eu sabia, também estavam indo para a Itália. Mas talvez aquele não fosse seu destino final, talvez elas fossem pegar um outro avião com outras 126 pessoas indo para um lugar completamente diferente daquele, quem sabe?
Fico imaginando porque todas aquelas pessoas também estão dentro daquele avião apertado, sentadas em cadeiras minúsculas, indo para o outro lado do mundo -mesmo não acreditando que exista algum outro lado do mundo, sinto-me obrigada a usar tal expressão pela falta de uma outra mais apropriada. Estão viajando a trabalho? Por lazer? Estariam elas viajando para rever um grande amor? Nunca pensei que pudessem existir tantos grandes amores para encher um avião com 126 pessoas. Estava impression....
De repente tenho meus pensamentos interrompidos por uma voz doce e serena, masculina, mas ainda assim doce e serena. "...está no meu lugar." foi tudo o que eu consegui ouvir. Demorei alguns instantes até perceber que o jovem homem estava me pedindo muito educadamente para que eu retirasse minha bolsa do seu lugar. Então a pessoa misteriosa que se sentaria do meu lado durante as 9 horas seguintes era ele. Procurei não me importar muito e voltei a olhar pela janela.
Aos poucos o avião ia subindo e o mundo lá embaixo ia ficando cada vez menor, até que desapareceu por completo. Puft! Estávamos no meio das nuvens, nada do que ficou na Terra deveria importar mais. Teimosa que sou, me importei com tudo o que ficou na Terra e fiquei pensando no que estava acontecendo lá embaixo. Todos aqueles carros, pessoas e casas que vistos de cima se pareciam muito mais com brinquedos de criança do que com coisas de verdade. Visto de cima, era como se nossa existência nada significasse comparado ao tamanho do universo. Aquilo me intrigou um pouco, mas cansada de pensar, dormi e logo depois acordei.
Estavam servindo o jantar, o homem sentado ao meu lado ria de alguma besteira do filme que estava assistindo. Conversamos um pouco durante o jantar, aquelas coisas chatas de quem não se conhece. "Tem quantos anos? É casado? Tem filhos? Vem de onde? Vai pra onde? Fazer o que? Por quanto tempo? Que legal, isso parece muito interessante. O ar condicionado está forte, não?". Ele estava indo para Genebra, ou devo dizer voltando para Genebra onde ele morava? Ele tinha ido passar férias no México, era casado, sem filhos e não, não estava achando o ar condicionado muito forte, mas se ofereceu para pedir à aeromoça para abaixá-lo. Pareceu simpático, 30 e poucos anos, barba mal feita, cabelo milimetricamente bagunçado, a julgar pelas roupas, tinha um cargo de importância média no trabalho. 
Dormi de novo.
Acordei quando já estávamos quase em terra firme. Poucos minutos depois estávamos eu, meu "companheiro" de viagem e os outros 125 passageiros em pé, retirando nossas bagagens do bagageiro, desembarcando do avião rumo aos nossos hotéis ou, quem sabe, a um outro avião.
Nada daquilo importava mais, ali estava eu em Florença!

2 comentários:

  1. Você escreve bem :) Começei a ler o texto e imaginei um final bem diferente, algo mais concreto. Não sei, ficou meio vago. Agora estou pensando que você, provavelmente, irá escrever 'Rumo a Florença - parte 2' não é? rs. Voltarei aqui para ver. No geral, o blog está lindo, todo florido e meigo *--------* Gostei bastante. Sucesso!

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  2. @Sara R. Carneiro Eu não tinha pensado nisso, mas é uma boa ideia, quem sabe. Obrigada pelos elogios.

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